Esses dias
algo profundo e esclarecedor aconteceu. Pedi a um jovem que testemunhasse
contra uma injustiça. Ele a presenciou, ficou chocado, deu razão a vitima. Mas
disse-me que teria que falar com seu pai. Deixou claro que havia a real
possibilidade de diante da remota possibilidade de ser prejudicado, ou perder
alguma vantagem futura, seu pai não o deixaria que testemunhar, ainda que a
vitima fosse sua amiga e fosse realmente uma ação injusta contra ela.
Então
pensei: Se amanha esse jovem vier a
presenciar um assassinato, roubo, estupro, uma ofensa, um agravo que seja, ele não agirá pelo impulso da SOLIDARIEDADE,
da JUSTIÇA, da RETIDÃO, ele pensará se primeiro não será prejudicado, se não perderá
alguma coisa com isso. Se envolver-se não lhe trará dor de cabeça, transtorno
ou desconforto, então, só assim, se disporá a ajudar. Quando amanhã esse jovem virar a cara para o
outro lado. O que esse pai vai dizer? Quando esse jovem se tornar conivente com
o erro, com a injustiça do que esse pai poderá reclamar? Quando esse jovem se tornar um omisso,
egoísta, passivo, covarde, frio e calculista. Quando a mão dessa criança se
somar a mão do assassino contra uma indefesa criatura humana. Quem poderá
censurá-lo? . E quando no ápice da escala ele mesmo cometer a injustiça despido
de qualquer sentimento de empatia, seu pai poderá reclamar?
A maioria é
boa, a maioria é honesta a maioria é justa. Então Por que o mal prevalece? Por que os poucos maus acossam os muitos, que
são bons? Porque fingimos não ver. Porque resolvemos não intervir. Se não nos
incomoda, se não nos afeta diretamente, preferimos ignorar. É no frio
alheamento que a maldade sobrevive. É na fria e covarde indiferença que o mal
se cria e prevalece.
Se formos
justos, bons e solidários somente quando for fácil, quando não perdermos nada,
quando for cômodo ser, que tipo de valores estaremos passando a nossos filhos?
Ser justo e
solidário quando for fácil, quando não nos custar. Ser justo e solidário como
esmola, como sobra. Os dois sentimentos que mais enobrecessem a alma humana
viraram esmola e moeda de troca. Só me importando quando não tenho nada a
perder. Onde esta o “chorar com o que chora”, “sofrer com o que sofre”? É por
isso que alguns pervertidos de valores controlam uma sociedade de milhares de
“bons” cidadãos.
Walter
paulino
E não
fizemos nada......
Na primeira
noite, eles se aproximam e colhem uma flor de nosso jardim.
E não
fizemos nada...
Na segunda
noite, já não se escondem, pisam as flores, matam nosso cão.
E não
fizemos nada.
Até que um
dia o mais frágil deles, entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.
E porque não
fizemos nada,
Já não
podemos dizer nada.
Eduardo Alves da Costa ( verdadeiro autor)