quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Pessegueiro - Prosa 08)




PESSEGUEIRO

A muito tempo atrás houve uma epidemia que se alastrou por toda a pequena aldeia ao pé da montanha. Muita gente começou a adoecer e morrer tão rapidamente que mal se dava conta de enterrá-las. Um menino que morava na aldeia começou a orar pelos doentes. Ele ia de casa em casa orando pelos enfermos. Mas os pobrezinhos continuavam a morrer. O menino foi ficando cada vez mais deprimido e desesperado. Ele realmente queria fazer alguma coisa. Então continuou a orar pelas pessoas de casa em casa, e para cada pessoa que ele orava, plantava um pessegueiro. E ele continuou fazendo isso por muito tempo. E é fato que mais pessoas morreram do que foram salvas, mas a cada dia mais e mais pessegueiros cercavam a pequena vila. O aroma das flores e frutos invadiam a vila. Aos poucos o cemitério foi ficando cada vez mais vazio. As pessoas deixavam de ir até lá para chorar seus mortos e se reuniam debaixo dos pessegueiros que representavam seus entes queridos. E o aroma dos pessegueiros enchia o ar de nostalgia e saudade. O cemitério continuou recebendo seus mortos, mas nunca mais se acenderam velas lá. Fitas coloridas eram amarradas nos ramos dos pessegueiros representando o amor pelos que partiram. E elas dançavam ao vento.
E a vila nunca mais foi a mesma.
Deus é a primavera, os jardins apenas suas pegadas.
Agora a melhor oração é plantar  virtudes.
Deus sabe o que faz melhor do que eu sei o que quero.




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