quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Relógio de Pedra



RELOGIO DE PEDRA

Verdades que nunca existiram e que ainda sim. São verdades. Um universo de promessas e juras.  Amores não declarados.  Vinganças não cumpridas... Ainda sim vivas.  Ainda sim grávidas,  contidas... Gestações congeladas ...
O machado suspenso na mão do carrasco.  Mundos e sonhos suspensos no ar.
Esperando...  Aguardando... “E se...”
Que sabor teria a laranja se por outro nome eu a chamasse?  Ou que nome teria o amor, se vestido com outra das muitas capas do desejo?   Já não seria amor?
Chamar o mar das lagrimas perdidas de oceano mudaria seu profundo... Libertaria seus fantasmas?
Se eu chamar  “o beijo da morte”  de consolo ele será menos frio?
O calor do inferno muda com seus nomes?  Na triste cidade onde os homens moram.
 De estreitas ruas úmidas e escuras.
De janelas fechadas, persianas fechadas,  Lírios de plásticos contemplam as ruas.
Meninos uníssonos, meninas mudas... Moças turvas e nervosas...
A praça é cinza, dominada pelo velho relógio de pedra.  Sem passaredo, sem árvores.
Conta as horas longas de um sono profundo, de umas nuvens plúmbeas
Que nunca choram.
A vida parece tocada pelo relógio de pedra.  Arrastada por seus ponteiros fatais
O mundo é visto da praça pelo ciclope de monilítico
Quatro faces tem o ciclope, todas nuas de beleza
Todas austeras, todas talhadas pelo vento do tempo.
Assim era o coração dela... encantado.
Uma magia profunda roubou-lhe o sorriso e a  fonte.
Uma forma fantasmagórica se olha no espelho...
Não se reconhece..
Apenas mais um espectro na noite...
Apenas uma casca oca....Uma face surda...Um coração sem luz.
A pulsar regido pelo velho relógio, senhor das horas mortas.

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