RELOGIO DE PEDRA
Verdades que
nunca existiram e que ainda sim. São verdades. Um universo de promessas e
juras. Amores não declarados. Vinganças não cumpridas... Ainda sim vivas. Ainda sim grávidas, contidas... Gestações congeladas ...
O machado
suspenso na mão do carrasco. Mundos e
sonhos suspensos no ar.
Esperando... Aguardando... “E se...”
Que sabor teria
a laranja se por outro nome eu a chamasse?
Ou que nome teria o amor, se vestido com outra das muitas capas do
desejo? Já não seria amor?
Chamar o mar das
lagrimas perdidas de oceano mudaria seu profundo... Libertaria seus fantasmas?
Se eu
chamar “o beijo da morte” de consolo ele será menos frio?
O calor do
inferno muda com seus nomes? Na triste
cidade onde os homens moram.
De estreitas ruas úmidas e escuras.
De janelas
fechadas, persianas fechadas, Lírios de
plásticos contemplam as ruas.
Meninos
uníssonos, meninas mudas... Moças turvas e nervosas...
A praça é cinza,
dominada pelo velho relógio de pedra.
Sem passaredo, sem árvores.
Conta as horas
longas de um sono profundo, de umas nuvens plúmbeas
Que nunca
choram.
A vida parece
tocada pelo relógio de pedra. Arrastada
por seus ponteiros fatais
O mundo é visto
da praça pelo ciclope de monilítico
Quatro faces tem
o ciclope, todas nuas de beleza
Todas austeras,
todas talhadas pelo vento do tempo.
Assim era o
coração dela... encantado.
Uma magia
profunda roubou-lhe o sorriso e a fonte.
Uma forma
fantasmagórica se olha no espelho...
Não se
reconhece..
Apenas mais um
espectro na noite...
Apenas uma casca
oca....Uma face surda...Um coração sem luz.
A pulsar regido
pelo velho relógio, senhor das horas mortas.
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