SENHORA DO LAGO
Toda noite por dias
e dias era transportado à beira de um
lago de gelo, no alto de uma montanha, só alcançada pelo luar.
Ao entardecer, uma brisa suave e fria vinha tocar-me as
janelas e sussurrava aos meus ouvidos....
”Vem....”
E eu a seguia em silêncio e êxtase por vales imensos e gargantas profundas.
Uma nesga de mar a minha esquerda. O negrume de uma
floresta à direita, desertos flamejantes que bebiam os últimos raios de sol.
Um alçar de vôo....e lá estava eu à beira do lago....
Quieto, tranqüilo a espelhar um céu vítreo.
Uma noite de Lua alta e clara.
Onde as estrela parecem
recolher-se a uma certa distância
Como eu, observam perplexas o brilho da Lua imensa,
prateada,
Deslizando serena e felina sobre a copa das vastidões.
E assim que a Lua aparece,
De uma das margens do lago, surge ela deslizando tímida e
resoluta,
Suave e cálida, de movimentos majestosos, uma forma, não,
não, uma aparição, um prodígio.
De gestos femininos a deslizar pelas águas do lago,
movimentos silenciosos noturnos, sinuosos.
E dança e na sua dança põe em
suspenso o movimento da Lua e suas marés.
Tão pungentes são seus movimentos
que meu coração dança, geme, ri e chora;
Um choro quente, sentido,
Minha alma suspira e soluça ao
vê-la dançar, formosa e reluzente.
Vestida com a luz das lembranças
e das estrelas,
Vestida de sonhos, graça e
fantasia......
Uma harmonia.
Céu e terra se juntam naqueles
movimentos reais e fantásticos, precisos....
Seus pés parecem não tocar a face
do lago...
Suas mãos cortam o ar frio da noite tangendo meu coração.
Lembranças vivas saltam-me do
cenho e dançam...dançam...dançam e
rodopiam.....
Sou eu no meio do lago a girar,
girar e girar...em círculos e órbitas...cruzando com ela sem nunca nos
tocarmos, sem nunca mirar o fundo de seus olhos negros......
Girando e girando.....Seu rosto
espelha todas as noites....todas as estações......
Todos os apelos do meu
coração....
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